Os símbolos oferecem quadros concretos de coisas abstratas, tais como a
terceira Pessoa da Trindade. Os símbolos do ESPÍRITO SANTO também são
arquétipos. Em literatura, arquétipo é uma personagem, tema ou símbolo comum
a várias culturas e épocas. Em todos os lugares, o vento representa forças
poderosas, porém invisíveis; a água límpida que flui representa o poder e
refrigério sustentador da vida a todos os que têm sede, física ou
espiritual; o fogo representa uma
Vento. A palavra
hebraica ruach tem amplo alcance semântico. Pode significar "sopro",
"espírito" ou "vento", É empregada em paralelo com nephesh. O significado
básico de nephesh é "ser vivente", ou seja, tudo que tem fôlego. A partir
daí, seu alcance semântico desenvolve-se ao ponto de referir-se a quase
todos os aspectos emocionais e espirituais do ser humano vivente. Ruach
adota parte do alcance semântico de nephesh. Por isso, em Ezequiel 37.5-10,
achamos ruach traduzido como "espírito", ao passo que, em 37.14, Yahweh
explica que porá em Israel o seu ESPÍRITO.
A palavra grega pneuma tem um alcance semântico quase idêntico ao de ruach.
O vento, como símbolo, fala da natureza invisível do ESPÍRITO SANTO,
conforme revela João 3.8. Podemos ver e sentir os efeitos do vento, mas ele
próprio não é visto. Atos 2.2 emprega poderosamente o vento como figura de
linguagem, para descrever a vinda do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste
(Podemos ver a ação do ESPÍRITO SANTO, mas não podemos vê-lo).
Água. A água, assim
como o fôlego, é necessária ao sustento da vida. JESUS prometeu rios de
água viva, "e isso disse ele do ESPÍRITO" (Jo 7.39). O fôlego e a água, tão
vitais na hierarquia das necessidades físicas humanas, são igualmente vitais
no âmbito do ESPÍRITO. Sem o fôlego vivificante e as águas vivas do ESPÍRITO
SANTO, nossa vida espiritual não demoraria a murchar e a ficar sufocada. A
pessoa que se deleita na Lei (heb. torah - "instrução") de Yahweh e nela
medita de dia e de noite é "como a árvore plantada junta a ribeiros de
águas... cujas folhas não caem" (SI 1.3). O ESPÍRITO da Verdade flui da
Palavra como águas vivas, que sustentam e refrigeram o crente e o revestem
de poder (Uma cachoeira - água em movimento - produz energia elétrica que
ilumina toda uma cidade).
Fogo. O aspecto
purificador do fogo é refletido claramente em Atos 2. Ao passo que uma brasa
tirada do altar purifica os lábios de Isaías (6.6,7), no dia de Pentecoste
são "línguas de fogo" que marcam a vinda do ESPÍRITO (At 2.3). Esse símbolo
é empregado uma só vez para retratar o batismo no ESPÍRITO SANTO. O aspecto
mais amplo do fogo como elemento purificador encontra-se no pronunciamento -
ou profecia - de João Batista: "Ele vos batizará com o ESPÍRITO SANTO e com
fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o
seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará" (Mt 3. 11, 12;
ver também Lc 3.16,17).
As palavras de João Batista aplicam-se mais diretamente à separação entre o
povo de DEUS e os que têm rejeitado a Ele e ao Messias. Os que o rejeitaram
serão condenados ao fogo do juízo.15 Por outro lado, o fogo ardente e
purificador do ESPÍRITO da Santidade também opera no crente (1 T s 5.19). (O
fogo aqui pode significar o dom do ESPÍRITO que muitas vezes vem junto com o
batismo em si)
Óleo. Pedro, em seu
sermão diante de Cornélio, declara: "DEUS ungiu a JESUS de Nazaré com o
ESPÍRITO SANTO e com virtude" (At 10.38). Citando Isaías 61.1,2, JESUS
proclama: "O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para
evangelizar os pobres" (Lc 4.18). Desde os primórdios, o azeite é usado
primeiramente para ungir os sacerdotes de Yahweh, e depois, os reis e os
profetas. O azeite é o símbolo da consagração divina do crente para o
serviço no reino de DEUS. Em 1 João, os crentes são advertidos a respeito
dos anticristos:
E vós tendes a unção do SANTO e sabeis tudo... E a unção que vós recebestes
dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas,
como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é
mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis (1 Jo 2.20,27).
(A unção com óleo sobre os enfermos traz uma ação curadora do ESPÍRITO
SANTO).
Receber a unção do ESPÍRITO da Verdade, que faz brotar rios de águas vivas
no mais íntimo do nosso ser, reveste-nos de poder para servir a DEUS. Na
simbologia do ESPÍRITO SANTO, a água e o óleo (azeite da unção) realmente se
misturam!
Pomba. O
ESPÍRITO SANTO desceu sobre JESUS na forma de uma pomba, segundo o relato
dos quatro evangelhos.16 A pomba é arquétipo da mansidão e da paz. O
ESPÍRITO SANTO habita em nós. Ele não toma posse de nós, mas nos liga a si
mesmo com amor, em contraste às correntes dos hábitos pecaminosos. Ele é
manso e, nas tempestades da vida, produz paz. Mesmo ao lidar com os
pecadores, Ele é suave, conforme se vê quando conclama a humanidade à vida,
no belo, porém tristonho, apelo que se encontra em Ezequiel 18.30-32: "Vinde
e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniqüidade não vos
servirá de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que
transgredistes e criai em vós um coração novo e um espírito novo, pois por
que razão morreríeis...? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o
Senhor Jeová convertei-vos, pois, e vivei".
Os títulos e símbolos do ESPÍRITO SANTO são chaves para o entendimento de
sua obra em nosso favor. Vamos usá-Ias como palavras chaves no estudo da
obra do ESPÍRITO SANTO.
Nomes e Títulos do
ESPÍRITO SANTO (SILVA,
S. P. da. A Existência e a Pessoa do ESPÍRITO SANTO. Rio
de Janeiro, CPAD)
I - Seus Nomes e Títulos
Vários nomes e
títulos são dados ao ESPÍRITO SANTO nas Escrituras, que descrevem a natureza
profunda do seu Ser. O nome traduz a natureza do ser que o carrega. O título
expressa sua fama e reputação.
Além dos nomes
e títulos conferidos ao ESPÍRITO SANTO são também usados pronomes pessoais,
para que a imaginação humana possa concebê-lo como realmente é.
Os escritores
do Antigo e do Novo Testamento e milhões de outras testemunhas afirmam a
existência real do ESPÍRITO SANTO, como sendo de fato uma Pessoa.
É impossível
que milhões de pessoas tenham combinado mentir por uma extensão de séculos.
Todas elas, desde os mais remotos tempos, têm afirmado a mesma coisa: o
ESPÍRITO SANTO existe, e é uma Pessoa real. Com efeito, fosse Ele uma
simples influência, sopro ou vento, os milhões de depoimentos se teriam
desfeito em contradições.
Ele é,
como já vimos, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em toda a extensão
do Novo Testamento, que marca exatamente a era do ESPÍRITO em sua plenitude,
faz-se alusão a Ele em termos coloquiais, como "esse" (e não isso) e
"aquele" (e não aquilo).
Os pronomes e
apelativos são largamente usados para descrever sua existência e
personalidade:
EU - "E,
pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o ESPÍRITO SANTO: Eis que três
varões te buscam. Levanta-te pois, e desce, e vai com ele, não duvidando;
porque eu os enviei" (At 10.19,20).
ELE - "E,
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo" (Jo
16.8).
AQUELE - "Mas
aquele Consolador, o ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito"
(Jo 14.26).
OUTRO - "E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre" (Jo 14.16).
ESSE - "O
ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas" (Jo 14.26).
Cada nome ou
título do ESPÍRITO SANTO descreve a natureza de sua existência e caráter.
Alguns destes
nomes e títulos descrevem a sua natureza propriamente dita; outros, a sua
obra; outros ainda, sua manifestação.
O ESPÍRITO
(simplesmente) - "Mas DEUS no-las revelou pelo seu ESPÍRITO; porque o
ESPÍRITO penetra todas as coisas, ainda as profundezas de DEUS" (1 Co 2.10).
O ESPÍRITO DE
DEUS - "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o ESPÍRITO de DEUS se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
O ESPÍRITO DO
DEUS VIVO - "Porque já é manifestado que vós sois a carta de CRISTO,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o ESPÍRITO do DEUS
Vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração" (2 Co
3.3).
O ESPÍRITO DO
SENHOR DEUS - "O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o Senhor me
ungiu, para pregar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos
de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos
presos" (Is 61.1).
O
ESPÍRITO DO SENHOR - "E, quando saíram da água, o ESPÍRITO do Senhor
arrebatou a Filipe, e não viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu
caminho" (At 8.39).
O ESPÍRITO DE
VOSSO PAI - "Porque não sois vós quem falará, mas o ESPÍRITO de vosso Pai é
quem fala em vós" (Mt 10.20).
O
ESPÍRITO DE CRISTO - "Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o ESPÍRITO
de CRISTO, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os
sofrimentos que a CRISTO haviam de vir e a glória que se lhes havia de
seguir" (1 Pe 1.11).
O
ESPÍRITO DE JESUS CRISTO - "Porque sei que disto me resultará salvação, pela
vossa oração e pelo socorro do ESPÍRITO de JESUS CRISTO, segundo a minha
intensa expectação e esperança..." (Fl 1.19,20).
O
ESPÍRITO DE JESUS - "E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia,
mas o ESPÍRITO de JESUS não lho permitiu" (At 16.7).
O
ESPÍRITO DE SEU FILHO - "E, porque sois filhos, DEUS enviou aos nossos
corações o ESPÍRITO de seu Filho, que clama: Aba, Pai" (Gl 4.6).
O
ESPÍRITO DE ARDOR - "Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e
limpar o sangue de Jerusalém do meio dela, com... o ESPÍRITO de ardor... e
haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia" (Is 4.4,5).
O
ESPÍRITO DE SÚPLICAS - "E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de
Jerusalém, derramarei o ESPÍRITO... de súplicas..." (Zc 12.10).
O
ESPÍRITO DE ADOÇÃO - "Porque não recebestes o espírito de escravidão para
outra vez estardes em temor, mas recebestes o ESPÍRITO de adoção de filhos,
pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15).
O
ESPÍRITO DA PROMESSA - "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também
crido, foste selado com o ESPÍRITO da promessa; o qual é o penhor da vossa
herança..." (Ef 1.13,14).
O
ESPÍRITO DE VIDA - "Porque a lei do ESPÍRITO de vida, em CRISTO JESUS, me
livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2).
O
ESPÍRITO DE VERDADE - "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai
vos hei de enviar, aquele ESPÍRITO de verdade, que procede do Pai, ele
testificará de mim" (Jo 15.26).
O
ESPÍRITO DA GRAÇA - "De quanto maior castigo cuidais vos será julgado
merecedor aquele que pisar o Filho de DEUS, e tiver por profano o sangue do
testamento, como foi santificado, e fizer agravo ao ESPÍRITO da graça?" (Hb
10.29).
O
ESPÍRITO DA GLÓRIA - "Se pelo nome de CRISTO sois vituperados,
bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o ESPÍRITO da glória de DEUS"
(1 Pe 4.14).
O
ESPÍRITO DE REVELAÇÃO - "Para que o DEUS de nosso Senhor JESUS CRISTO, o Pai
da glória, vos dê em seu conhecimento o ESPÍRITO... de revelação; tendo
iluminados os olhos do vosso entendimento..." (Ef 1.17,18).
O
ESPÍRITO ETERNO - "Quanto mais o sangue de CRISTO, que pelo ESPÍRITO eterno
se ofereceu a si mesmo imaculado a DEUS, purificará as vossas consciências
das obras mortas, para servirdes ao DEUS vivo" (Hb 9.14).
O
ESPÍRITO DE SANTIFICAÇÃO - "Declarado Filho de DEUS em poder, segundo o
ESPÍRITO de santificação, pela ressurreição dos mortos, JESUS CRISTO Nosso
Senhor" (Rm 1.4).
O
ESPÍRITO SANTO - "Mas aquele Consolador, o ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará
em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo
quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).
Em Lucas
11.20, o ESPÍRITO SANTO é chamado de O DEDO DE DEUS; em Atos 5.4, de DEUS;
em Apocalipse 19.10, de ESPÍRITO DE PROFECIA. Em Isaías 11.2, Ele é
apresentado em sua plenitude, septiforme:
1- O ESPÍRITO
DO SENHOR
2- O ESPÍRITO
DE SABEDORIA
3- O ESPÍRITO
DE INTELIGÊNCIA
4- O ESPÍRITO
DE CONSELHO
5- O ESPÍRITO
DE FORTALEZA
6- O ESPÍRITO
DE CONHECIMENTO
7- O ESPÍRITO
DE TEMOR DO SENHOR
Se o ESPÍRITO
SANTO não fosse de fato uma pessoa, como se dariam tantos nomes a Ele? A
razão natural e as luzes da fé afirmam que Ele existe!
II - Nomes que o Identificam com a Trindade
Já observamos
que o nome é dado para denotar a natureza profunda do ser que o carrega.
Assim, a criatura somente era conhecida depois que se lhe dava o nome (Gn
2.19). No caso do ESPÍRITO SANTO, encontramos vários nomes, como acabamos de
expor. Entretanto, há três nomes principais que o identificam diretamente
com a Santíssima Trindade e as dimensões universais da existência:
ESPÍRITO DE DEUS
ESPÍRITO DE CRISTO
ESPÍRITO SANTO
1. O
ESPÍRITO de DEUS
Encontramos
este nome divino no início da Bíblia, associado diretamente à obra da
criação, onde nos é dito que "o ESPÍRITO de DEUS se movia sobre a face das
águas" (Gn 1.2). Ele aparece como co-participante, a "pairar" sobre o caos
das águas do oceano primitivo, quando tudo ainda estava mergulhado em
escuridão e total desordem.
Em outras
passagens das Escrituras, aparece também este nome, ligado diretamente à
criação, à renovação da terra e à regeneração da pessoa humana (Gn 6.3;
41.38; Jo 33.4; Ez 11.24; Rm 8.9; 1 Co 3.16 etc...). Em Jó 33.4, Eliú, um
sábio oriental, associa-o à criação do homem: "O ESPÍRITO de DEUS me fez; e
a inspiração do Todo-poderoso me deu vida". Em Salmos 104.30, liga-se à
criação inteira: "Envias o teu ESPÍRITO, e são criados, e assim renovas a
face da terra". No tocante à regeneração da pessoa humana, Ele é citado em
vários elementos doutrinários das Escrituras, sempre produzindo uma "nova
criatura" para CRISTO e seu Reino (Rm 8.2). A vida do próprio JESUS, no
ventre da virgem, foi um ato miraculoso de seu poder (Mt 1.20; Lc 1.35).
2. O
ESPÍRITO de CRISTO
Este nome está
relacionado à obra da redenção, que CRISTO realizou por amor de nós. Desde
os tempos mais remotos, o ESPÍRITO SANTO vinha "testificando os sofrimentos
que a CRISTO haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe
1.11). Esta é uma das razões por que Ele é chamado O ESPÍRITO DE CRISTO. Ele
acompanhou todos os passos, atos e palavras de CRISTO em sua missão divina a
favor dos homens.
3. O ESPÍRITO
SANTO
Este nome está
diretamente relacionado à santificação das coisas e dos seres. Tudo se
santifica ou é santificado pela atuação gloriosa do ESPÍRITO SANTO. Até a
evidência central da ressurreição de CRISTO aconteceu "segundo o ESPÍRITO de
santificação" (Rm 1.4). Esta é, portanto, a natureza do seu Ser e a extensão
de sua obra santificadora.
Ao abrirmos o
Novo Testamento, encontramos o ESPÍRITO SANTO imediatamente com este nome, e
daí por diante em cada seção tópica ou celestial.
a.
Como ESPÍRITO DE DEUS. Representando
a onipotência de DEUS, que tudo criou e tudo pode fazer.
b.
Como ESPÍRITO DE CRISTO. Representando
a onisciência de DEUS que, com antecedência de séculos, planejou toda a obra
da redenção.
c.
Como ESPÍRITO SANTO. Representando
a onipresença do DEUS SANTO, que faz da santidade a condição moral
necessária presente em todo o Universo.
III - Títulos do ESPÍRITO SANTO
Já falamos
sobre os nomes do ESPÍRITO SANTO; agora, veremos alguns de seus títulos
associados, evidentemente, à sua fama e reputação.
1. O Consolador
"E eu rogarei
ao Pai, e ele vos dará outro Consolador..." (Jo 14.16). Há um testemunho
gramatical que deve ser mencionado aqui: o uso do substantivo masculino
"paracleto", empregado por CRISTO ao referir-se ao ESPÍRITO SANTO.
O próprio
JESUS, durante sua vida terrena, era o Consolador dos seus discípulos, e os
consolou quando estaca prestes a deixá-los, prometendo-lhes "outro
Consolador" (paracleto). Tudo o que JESUS fora para os discípulos, o outro
Consolador haveria de ser. Portanto, o ESPÍRITO SANTO seria uma Pessoa
substituindo outra.
A palavra parakletos é
antiga, usada no grego clássico, como nos escritos de Demóstenes, onde
aparece com o sentido de "advogado" - alguém que pleiteia a causa de outrem
-, sentido este que passou para o grego helenista, nos escritos de Josefo,
historiador judaico do primeiro século de nossa era, e de Filo e igualmente
aos papiros dos tempos dos apóstolos.
O termo deriva
dos vocábulos gregos para ("para
o lado de") e kaleo ("chamar",
"convocar"), dando o sentido geral de "alguém chamado para ajudar ao lado de
outrem".
Afirma-se que,
nos tribunais romanos e gregos, os advogados que assistiam os amigos o
faziam não pela recompensa ou remuneração, mas por amor e consideração,
ajudando com sábios conselhos.
A palavra
traduzida por "ajuda" é extremamente significativa. É formada por três
palavras gregas - duas preposições e uma raiz verbal. Uma das preposições
significa "com"; a outra, "do outro lado"; e a raiz verbal quer dizer
"segurar". Assim, temos: "segurar do outro lado com".
"Em alguns
momentos de provações, podemos ver alguém ao 'nosso lado' e até pensamos,
mesmo por uma questão de temor e respeito, que este 'alguém' seja o Pai ou o
Filho, ou até mesmo um anjo da corte celestial, sem lembrarmos que é o
ESPÍRITO SANTO, ajudando-nos em nossas fraquezas".
2. O Guia espiritual
Este título é
também conferido a nosso Senhor JESUS CRISTO (Mq 5.2; Mt 2.6). Aplicado ao
ESPÍRITO SANTO, porém, está relacionado diretamente com sua missão
orientadora em todos os sentidos da vida, especialmente quanto as verdades
espirituais, nas quais a alma humana está fundamentada.
As pessoas,
precisam de pontos de referência para sua orientação. Numa cidade, por
exemplo, são pontos de referência praças, igrejas, edifícios, torres de
comunicações etc. Também são pontos de referência paradas de ônibus, nomes
das estações de trem e metrô e de lugares.
Todos esses
meios indicam direções seguras e exatas, em qualquer lugar da Terra ou mesmo
do Universo, especialmente naquelas dimensões que o homem pode atingir. Para
isso foram criados os pontos universais de referência - os pontos cardeais,
determinados com base no movimento do Sol (Igor).
Para DEUS,
entretanto, o conceito de orientação é bem mais amplo e valioso. E Ele, em
sua infinita sabedoria, entregou esta grande missão a seu Filho, JESUS
CRISTO. Porém, com seu regresso ao Pai, confiou-se a tarefa ao ESPÍRITO
SANTO. Este título, mesmo sendo uma derivação de "Consolador", possui
algumas significações especiais. Está ligado diretamente a uma promessa de
JESUS a seus discípulos: "Ele [o ESPÍRITO] vos guiará em toda a verdade..."
A promessa foi
confirmada logo após a ressurreição de nosso Senhor. O ESPÍRITOacompanhava a
Igreja passo a passo. Paulo diz que os cristãos são guiados pelo ESPÍRITO:
"Porque todos os que são guiados pelo ESPÍRITO DE DEUS, esses são filhos de
DEUS" (Rm 8.14); em Gaiatas 5.18, o apóstolo acrescenta: "Se sois guiados
pelo ESPÍRITO, não estais debaixo da lei". Ora, sem dúvida isto significa
que quem é "guiado pelo espírito de DEUS" sabe de onde veio, onde se
encontra e para onde está caminhando. Porque o ESPÍRITO SANTO o "guiará em
toda a verdade".
3. O
dedo de DEUS
Este título
surgiu como uma expressão idiomática dos magos egípcios, talvez Janes e
Jambres (2 Tm 3.8). Eles disseram a Faraó, quando fracassaram na reprodução
da praga dos piolhos: "Isto é o dedo de DEUS..." (Êx 8.19). No entanto, a
expressão alcançou significado especial quando o Senhor argumentava com os
escribas e fariseus sobre a atuação poderosa do ESPÍRITO DE DEUS em sua
vida. JESUS demonstrou claramente a fonte do seu poder: "Mas, se eu expulso
os demônios pelo ESPÍRITO DE DEUS, é conseguintemente chegado a vós o reino
de DEUS". Na passagem paralela de Lucas 11.20, JESUS diz literalmente: "Mas,
se eu expulso os demônios pelo dedo de DEUS, certamente a vós é chegado o
reino de DEUS".
JESUS
utiliza-se nesta última passagem de uma expressão lucana, usada no Antigo
Testamento para demonstrar uma intervenção direta e poderosa do ESPÍRITO DE
DEUS (cf. Êx 8.19; Dt9.10).
4. Outro
Este título,
mencionado em João 14.16, significa "outro da mesma espécie". Segundo Dods,
o termo grego aqui traduzido por "outro" é allon, e
não heteron, e
significa que o ESPÍRITO SANTO é outro ajudador, separado e distinto de
CRISTO, embora da mesma "espécie", e não distinta ou separada de "ajudador".
Ele é a continuidade do Senhor JESUS em nós, igual em poder e glória, embora
sob manifestação diferente.
JESUS procura
consolar os discípulos, mostrando-lhes que, apesar da separação que
ocorreria em breve, Ele haveria de permanecer com eles para todo o sempre,
porque o seu Representante legal desceria do Céu para estar no meio deles e
com eles.
A palavra
"paracleto" indica muito mais do que uma pessoa compassiva. Um verdadeiro
paracleto acompanha intimamente em todos os momentos o que consola. Na
qualidade de Paracleto, o ESPÍRITO SANTO está sempre disposto infundir
poder, coragem, sabedoria e graça ao coração de cada salvo.
Alcançamos
essa graça através da nossa comunhão com Ele. Razão pela qual o apóstolo
Paulo a recomenda a todos os santos: "A comunhão do ESPÍRITO SANTO seja com
vós todos" (2 Co 13.13).
IV- Figuras e Símbolos do ESPÍRITO SANTO
Estas são as
figuras e símbolos do ESPÍRITO SANTO nas Escrituras: ÁGUA CHUVA RIO ORVALHO
VENTO ÓLEO UNÇÃO FOGO COLUNA PENHOR SELO VINHO POMBA
Evidentemente
há outras, detectadas por inferência. Entretanto, estas são as mais usadas e
conhecidas dos estudiosos da Bíblia.
Figuras e Símbolos
É importante
estarmos familiarizados com a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em
vista a significação correta das palavras, a forma das frases e as
particularidades idiomáticas da língua empregada.
De igual modo
devemos conhecer o que cada figura representa, à luz do contexto lógico. A.
linguagem figurada e certos símbolos empregados na Bíblia, quando bem
apresentados, nos dão maior segurança, intensidade e beleza na
interpretação.
As figuras de
linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que
se vale quem fala ou escreve, para comunicar-se com mais força, colorido,
evidência e beleza.
DEUS também
permitiu que certas figuras e símbolos fossem inseridos no cânon sagrado,
para melhor compreensão de determinadas verdades espirituais. O ESPÍRITO
SANTO é representado na Bíblia por muitas figuras e símbolos, conforme
veremos a seguir.
1. Água
"Porque
derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu
ESPÍRITO sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus
descendentes" (Is 44.3).
A água
encontra-se em três regiões do Universo:
• na
expansão dos céus (Gn 1.6-10);
• sobre
a face da terra (Gn 7.11);
• debaixo
da terra (Jo 38.30).
Esta é uma
figura real do ESPÍRITO SANTO - Ele opera nas três dimensões da constituição
humana, produzindo a regeneração do espírito, da alma e do corpo (cf. 1 Ts
5.23). A operação miraculosa do ESPÍRITO no homem produz um tipo de "lavagem
da regeneração e da renovação do ESPÍRITO SANTO" (Tt 3.5). Certamente era
este o sentido das palavras do apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de
Corinto sobre a atuação poderosa do ESPÍRITO: "Todos temos bebido de um
ESPÍRITO" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utilizada por JESUS, compara o
ESPÍRITO SANTO a "rios de água viva". Em seu imortal discurso em Jerusalém,
no último dia da festa, o Mestre convida: "Se alguém tem sede, venha a mim,
e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do
seu ventre. E isso disse ele do ESPÍRITO, que haviam de receber os que nele
cressem..." (Jo 7.37-39).
O ato de beber
do ESPÍRITO SANTO fala evidentemente de algo que mata a nossa sede
espiritual. Alguns têm fome e sede de justiça (Mt 5.6); outros têm fome e
sede de evangelizar os perdidos (Rm 15.19,20); outros ainda têm fome e sede
de uma comunhão perfeita e permanente com o ESPÍRITO (Gl 5.25). O ESPÍRITO,
como fonte perene, calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade
espiritual ou reverte o estado de sequidão em nossa vida. Ele é realmente a
Água da vida, que "refrigera a nossa alma" nos desertos cálidos deste mundo
injusto e cruel.
O cálice,
neste caso, fala da comunhão entre o ESPÍRITO SANTO e o crente que se dispõe
a seguir sua orientação. Pão e água são os dois elementos essenciais à
sobrevivência humana. No campo espiritual isso é ainda mais evidente:
CRISTO, o Pão da vida, satisfaz a nossa fome espiritual (Jo 6.35); o
ESPÍRITO SANTO, a Água da vida, satisfaz a nossa sede espiritual (Ap 22.17).
2. Chuva
"E a
elas [as ovelhas], e aos lugares ao redor do meu outeiro, eu porei por
bênção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de bênção serão" (Ez
34.26). Tiago, o irmão do Senhor JESUS é autor da epístola que leva o seu
nome, menciona "as primeiras chuvas e últimas chuvas", como sendo a "chuva
temporã e serôdia", baseado na metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo sabia
muito bem dessas chuvas, por experiência pessoal. Os lavradores palestinos
esperavam o "precioso fruto da terra", aguardando as chuvas oportunas, tanto
as primeiras (no hebraico, yoreh ou moreh) como
as últimas (no hebraico, malhos).
Na Palestina,
a estação chuvosa normalmente começa nos primeiros dias de outubro e muitas
vezes se prolonga até janeiro, quando se transforma em neve. As primeiras
chuvas provêem umidade à semente recém-plantada, para que possa germinar.
Portanto, é sinal para a semeadura.
As últimas
chuvas ocorrem em abril e maio, e são necessárias para que a semente
amadureça. Este simbolismo, aplicado ao ESPÍRITO SANTO, fala da beneficência
que Ele traz à Igreja como um todo e ao crente em particular. A chuva sempre
foi retratada como sendo uma "bênção de DEUS", que traz alegria aos corações
(At 14.17).
Na metáfora de
Tiago, o simbolismo é perfeito: o ESPÍRITO SANTO desceu no dia de
Pentecoste, preparando assim a terra para a grande semeadura da Palavra de
DEUS. Depois, no decorrer dos séculos, as últimas chuvas, ou seja, suas
manifestações contínuas neste mundo, especialmente onde a vontade de DEUS é
aceita, têm produzido o amadurecimento e garantido uma safra de almas
abundante (cf. Jo 4.35-38).
No final,
aparece o "precioso fruto da terra" como o resultado satisfatório da chuva,
da semeadura e da colheita.
• O
"precioso fruto da terra" é a Igreja;
• O
"lavrador" é DEUS. Assim interpretou JESUS: "Eu sou a videira verdadeira,
meu Pai é o lavrador" (Jo 15.1);
• a
"chuva temporã" é a descida do ESPÍRITO SANTO no dia de Pentecoste (At
2.1-4);
• a "chuva
serôdia" refere-se a outras manifestações do ESPÍRITO: batizando os crentes
e concedendo-lhes dons (At 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7;
12.1-11). E, na Igreja que se seguiu, a chuva do ESPÍRITO SANTO tem continuado e continuará até o dia do arrebatamento da Igreja por JESUS
CRISTO (Mc 16.17 etc...).
3. Rio
"Quem crê em
mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo
7.38).
Logo no
versículo seguinte, encontramos o significado destas palavras de JESUS:
"Isto disse ele do ESPÍRITO, que haviam de receber os que nele cressem".
Este deve ser
também o sentido de Salmos 46.4: "Há um rio [o ESPÍRITO] cujas correntes [os
dons espirituais] alegram a cidade [Igreja] de DEUS, o santuário [coração]
das moradas do Altíssimo".
Um rio pode
surgir de uma fonte, de um lago ou do derramamento de geleiras. O lugar onde
ele nasce é chamado de nascente ou cabeceira. A partir daí, o rio corre em
direção a outro rio, a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o
rio lança suas águas chama-se foz.
Chamamos curso
ao caminho percorrido por um rio entre sua cabeceira e sua foz; o terreno
sobre o qual as águas correm é denominado leito. As terras de um e outro
lado do rio são as margens.
De acordo com
historiadores judaicos, o último dia da festa dos Tabernáculos era
denominado "Dia do Grande Hosana", porque se fazia um circuito, por sete
vezes, em torno do altar, ao mesmo tempo que todos clamavam: "Hosana!"
Antes do dia
final, um sacerdote trazia, em um vaso de ouro, água tirada do tanque de
Siloé, e então, acompanhado por um cortejo jubiloso, seguia até o Templo.
Despejava a água sobre o altar, juntamente com vinho, cerimônia esta
acompanhada pelo cântico do Halel (Sl 113-118). Simbolicamente, segundo os
rabinos, esta água mitigava a sede espiritual do povo.
JESUS,
entretanto, mostrou àquela gente que sua missão era outorgar uma água
eterna, que é o "derramar do ESPÍRITO SANTO em cada coração". A água
anunciada por CRISTO não será tirada do Siloé nem levada ao Templo, porque
cada crente será um templo do ESPÍRITO SANTO e uma fonte de vida; não
meramente um único rio, mas rios, o que expressa, no pensamento geral da
Bíblia, um derramamento do ESPÍRITO SANTO em sua plenitude (Jl 2.28; At
2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).
4. Orvalho
"Assim pois te
dê DEUS do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo
e de mosto" (Gn 27.28).
Encontramos,
no Antigo Testamento, cerca de 34 referências sobre o orvalho, como sendo um
refrigério adicional à escassez das chuvas temporã e serôdia. Era necessário
durante o período de estiagem, para revigoramento da erva e da relva (Dt
32.2). Tornou-se assim, um símbolo do ESPÍRITO SANTO, por cair gradualmente
e, algumas vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos. Onde cai o
orvalho, ali DEUS ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133.3), trazendo
prosperidade à alma sob a influência do ESPÍRITO SANTO, como gotas copiosas.
5. Vento
"O vento
assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde
vai; assim é todo aquele que é nascido do ESPÍRITO (Jo 3.8). Os ventos
sempre trazem consigo as características dos lugares de onde vêm. Assim
podemos descobrir, através de nosso sistema sensível, os ventos quentes e os
frios, os úmidos e os secos. Para sabermos se estamos caminhando em direção
a terra ou em direção ao mar, basta parar um pouco ao cair da noite e
analisar a direção do vento.
Os ventos mais
importantes para esse tipo de orientação são os alísios. Os ventos alísios
são carregados de umidade, pois vêm dos oceanos. Pela madrugada, as brisas
continentais (ventos que sopram da terra para o mar) tornam-se mais
essenciais para orientação. Assim, é fácil saber se as brisas estão soprando
para o mar ou para a terra.
A pressão
depende da temperatura, e os ventos, dos diferentes níveis de pressão.
Assim, de madrugada a terra está mais "fria" que a água, o que significa
maior pressão atmosférica sobre a terra. Por isso, o vento sopra do
continente para a água. À tarde, ou ao cair da noite, a água está menos
quente que a terra, o que quer dizer maior pressão do ar sobre a água.
Assim o diz a
ciência, e assim acontece com o soprar do ESPÍRITO SANTO em nossas vidas.
Se Ele sopra
"suave", está indicando a direção traçada por DEUS a favor de seus filhos,
numa rota onde a calma e a tranqüilidade nos esperam (cf. Gn 8.1).
Se Ele sopra
"veemente e impetuoso", como no dia de Pentecoste, é sinal evidente de sua
presença com manifestações de poder (At 2.1-4; Hb 2.4).
Se Ele sopra
apenas com "gemidos inexprimíveis", está nos alertando de perigos iminentes
(cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).
Esses
movimentos do ESPÍRITO SANTO são completamente desconhecidos para o pecador.
Por isso JESUS instruiu Nicodemos, um mestre do primeiro século de nossa
era, acerca do "movimento" produzido pelo ESPÍRITO SANTO neste mundo.
Então o Mestre
disse: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes
[Nicodemos é que não sabia] donde vem, nem para onde vai". Assim, Nicodemos
não sabia também do movimento operado pelo ESPÍRITO SANTO, que produz a
regeneração do homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1
Co 2.14).
6. Óleo
"Amaste a
justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, DEUS, o teu DEUS, te ungiu com
óleo de alegria, mais do que a teus companheiros" (Hb 1.9).
Na Bíblia, o
azeite da unção era usado somente para consagração de pessoas de grande
poder, tais como reis (1 Sm 10.1; 16.13), sacerdotes (Lv 8.30) e profetas (1
Rs 19.16; Is 61.1). Também eram ungidos com óleo os escudos dos ilustres
guerreiros, numa demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).
O tabernáculo
e seus móveis foram também ungidos (Êx 30.22-33), e os enfermos eram muitas
vezes ungidos com azeite, para que sua fé aumentasse e seus pecados fossem
perdoados (Mc 6.13; Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usado na unção dos
enfermos não era o mesmo da "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a
unção de homens e coisas não podia ser feita com qualquer tipo de óleo, e
sim com um óleo especial chamado "azeite da santa unção" (Êx 30.31).
Metaforicamente, é chamado "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo precioso" (Sl
133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl 45.7). O óleo,
portanto, tomado neste sentido simboliza o ESPÍRITO SANTO como "unção
especial" para os salvos em CRISTO - que quer dizer também "ungido". Em Atos
10.38, o ESPÍRITO SANTO é retratado como aquEle que consagrou a CRISTO com
este tipo de unção especial: "Como DEUS ungiu a JESUS de Nazaré com o
ESPÍRITO SANTO e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos
os oprimidos do diabo, porque DEUS era com ele". E, em 1 Coríntios 1.21,
Paulo afirma que quem nos capacitou para o desempenho de nossa missão foi
DEUS. "O que nos ungiu é DEUS", disse o apóstolo. O ESPÍRITO SANTO, de fato,
é a unção de DEUS em nossas vidas, tanto para aprender como para ensinar (Lc
4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre que alguém era ungido com óleo, as pessoas ao
redor mantinham respeito e reverência. Era expressamente proibido por DEUS
tocar em alguém que tivesse recebido a unção com óleo (2 Sm 1.21). O
ESPÍRITO SANTO, portanto, torna-se nosso protetor, a garantia de que as
forças do mal não nos tocarão.
7. Unção
"E vós tendes
a unção do SANTO, e sabeis tudo... e a unção que vós recebestes dele, fica
em vós..." (1 Jo 2.20,27).
Já tivemos a
oportunidade de analisar o óleo como símbolo do ESPÍRITO SANTO. Agora,
estudaremos este outro símbolo, que, evidentemente, alude à operação e
influência do ESPÍRITO SANTO na vida dos crentes, ensinando as verdades mais
profundas da Bíblia, ao mesmo tempo que dá a interpretação e significação de
cada palavra nela inserida.
A unção
desempenha grande papel na vida física das raças orientais, tal como o
orvalho faz reviver a verdura das colinas. Assim também a influência
curadora e suavizante do ESPÍRITO SANTO soprada sobre os filhos de DEUS, nos
"guiando em toda a verdade" e ensinando "todas as coisas" concernentes a
DEUS e sua Palavra".
8. Fogo
"E eu, em
verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele
vos batizará com o ESPÍRITO SANTO e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal da
presença de DEUS.
As
manifestações de DEUS algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êx 3.2;
13.21,22; 19.18; Dt 4.11), que tanto representa sua presença como sua glória
(Ez 1.4,13), sua proteção (2 Rs 6.17), sua santidade (Dt4.24), seus juízos
(Zc 13.9), sua ira (Is 66.15,16) e, finalmente, o ESPÍRITO SANTO (Mt 3.11;
At 2.3; Ap 4.5).
No Antigo
Testamento, a ordem divina era conservar o fogo aceso diuturnamente: "O fogo
arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" (Lv 6.13) - sinal
evidente da presença de DEUS no meio do seu povo.
No Novo
Testamento, a ordem divina é a mesma: "Não extingais o ESPÍRITO" (1 Ts
5.19). Numa outra tradução: "Não apagueis o ESPÍRITO". Em outras palavras,
Paulo quer dizer que a chama do Pentecoste "deve arder em nossos corações
todos os dias, até a consumação dos séculos". Fogo também pode significar
batismo com o ESPÍRITO SANTO e recebimento de dons ao mesmo tempo, como no
dia de pentecostes e em outras ocasiões quando recebiam o batismo e
profetizavam.
9. Coluna
"E o Senhor ia
diante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de
noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de
noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem
a coluna de fogo, de noite" (Êx 13.21,22).
A coluna, seja
como símbolo religioso, marco ou monumento, traz sempre a idéia de firmeza.
Paulo, por exemplo, valeu-se dessa figura para representar a Igreja:
"Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar,
para que saibais como convém andar na casa de DEUS, que é a igreja de DEUS
vivo, a coluna e a firmeza da verdade" (1 Tm 3.14,15).
Como símbolo
do ESPÍRITO SANTO, a coluna fala da força espiritual mediante a qual a alma
será eternamente abençoada, e, sendo de natureza divina como aquela que
acompanhou o povo de DEUS no deserto, serve de proteção, iluminação e
orientação. O ESPÍRITO SANTO é tudo isso e muito mais, com relação à Igreja.
Ele foi posto por DEUS no edifício espiritual de CRISTO, que é sua Igreja,
para segurança, ornamentação e beleza. A nuvem da glória de DEUS, em dado
momento, quando Israel estava em extremo perigo, "se retirou de diante
deles, e se pôs atrás deles... e a nuvem era escuridade para aqueles, e para
estes esclarecia a noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao
outro" (Êx 14.19,20). Podemos observar nesta passagem a ação imediata de
DEUS, mudando de posição a coluna que guiava o seu povo, retirando a nuvem
de "diante" deles e pondo-a "atrás" deles.
A manobra
divina deu versatilidade à nuvem: "... era escuridade para aqueles [os
egípcios], e para estes [os israelitas]
esclarecia a noite". O ESPÍRITO SANTO também assumiu
a posição de "divisor" da santidade que separa a Igreja do mundo, de tal
maneira que durante toda a trajetória da Igreja nesta Terra, "não chegou um
ao outro".
A coluna de
nuvem acompanhou Israel através do deserto e um dia desapareceu na fronteira
de Canaã, ao atingirem a margem oriental do Jordão. O povo foi, então,
orientado a espalhar-se em volta da arca da aliança, num raio de 914 metros,
para contemplar mais facilmente o símbolo guia da glória de DEUS flutuando
nos ombros dos sacerdotes. Agora, o povo não seguia mais a coluna de nuvem
(ela havia desaparecido!), e sim a arca da aliança do Senhor. Assim também
acontecerá com o ESPÍRITO SANTO, no dia do arrebatamento da Igreja. Ele terá
cumprido sua missão, entregando a Noiva nos braços de CRISTO - a Arca
divina. CRISTO, então, a conduzirá à sala do banquete nupcial (Ct 2.4; Mt
25.6,10)
10. Penhor
"Ora, quem
para isto mesmo nos preparou foi DEUS, o qual nos deu também o penhor do
ESPÍRITO" (2 Co 5.5).
O vocábulo
"penhor", do grego arrabon, significa
"primeira prestação", "depósito", "garantia". Indica o pagamento de
parte
do preço total da compra. Esta "primeira prestação" recebida é a
regeneração. O valor total será complementado com os pagamentos
intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção do
nosso
corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O ESPÍRITO SANTO que, mediante a
Palavra
de DEUS e por todos os meios da graça, nos capacita a atingir a glória
eterna, transformando-nos "de glória em glória na mesma imagem, como
pelo ESPÍRITO do SENHOR" (2 Co 3.18), é evidentemente a nossa garantia.
11. Selo
"O qual também
nos selou e deu o penhor do ESPÍRITO em nossos corações" (2 Co 1.22).
O uso mais
comum do selo, na antigüidade, era na autenticação de documentos, cartas,
títulos de propriedade e recibos de mercadoria ou dinheiro.
Após deixar a
mensagem em escrita cuneiforme, o escriba pedia que o remetente e as
testemunhas removessem de seus pescoços os próprios selos cilíndricos, que
eram rolados sobre a argila ainda mole, servindo de assinatura. As leis
romanas, por exemplo, somente aceitavam um testemunho se estivesse selado
com "sete selos" e confirmado por "sete testemunhas".
Nas
Escrituras, o selo traduz vários significados e aplicações:
GARANTIA (Gn
38.18)
JURAMENTO (Jr
22.24)
CONFIRMAÇÃO
(Jo 6.27)
JUSTIÇA E FÉ
(Rm 4.11)
AUTENTICIDADE
(1 Co 9.2)
FUNDAMENTO (2
Tm 2.19)
SEGURANÇA (Mt
27.66; Ap 20.3)
IRREVOGABILIDADE (Et 8.8; Dn 6.17)
PROMESSA (Ef
1.13)
REDENÇÃO (Ef
4.30)
MISTÉRIO (Ap
5.1)
VIDA (Ap 7.2)
PRESERVAÇÃO
(Ap 9.4)
O selo, como
figura do ESPÍRITO, traduz para a Igreja todas as vantagens mencionadas
acima e muito mais. O ESPÍRITO SANTO sela a Igreja (Ct 4.12), a lei do
Senhor (Is 8.16), o coração (Ct 8.6), a visão e a profecia (Dn 9.24) e os
crentes para o dia da redenção (2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos
selados com o selo da promessa, que nos dá a garantia de pertencermos
somente a DEUS.
12. Vinho
"E o vinho que
alegra o coração do homem, e faz reluzir o seu rosto como o azeite, e o pão
que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).
Esta figura do
ESPÍRITO SANTO é pouco usada pelos escritores. Entretanto, sem dúvida
alguma, também se reveste de significação especial.
Para o povo
hebreu, o vinho e a vinha são usados para representar a prosperidade e a
bênção. Possuir uma vinha próspera era sinal evidente do favor divino.
Também era considerada uma dádiva de DEUS ao homem: "E lhe darei as suas
vinhas dali, e o vale de Açor, por porta de esperança: e ali cantará como no
dia da mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito" (Os 2.15).
JESUS afirmou
ser "a videira verdadeira", e comparou o Pai, Senhor dos homens e DEUS do
Universo, a um proprietário de vinha (Jo 15.1). O fruto da vide, que é o
vinho, ilustra a alegria que existe entre os salvos; o cálice fala da
comunhão que temos, promovida pelo ESPÍRITO SANTO "derramado em nossos
corações". Paulo cita-a como "a comunhão do ESPÍRITO SANTO" (2 Co 13.13).
No dia de
Pentecoste, em Jerusalém, as pessoas de fora acharam que os discípulos
estavam "cheios de vinho" (At 2.13). Pedro, então, explicou-lhes que aquilo
era alegria do ESPÍRITO SANTO. Em outras palavras, eles não estavam
embriagados com vinho, mas cheios do ESPÍRITO SANTO!
13. Pomba
"E o ESPÍRITO
SANTO desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz
do céu que dizia: Tu és meu filho amado, em ti me tenho comprazido" (Lc
3.22).
Dificilmente
tal simbolismo seria associado a João Batista. Ele era um profeta de grande
poder. Sua mensagem produzia sempre o choro, e não o riso. Era mesmo uma
mensagem de arrependimento. Suas palavras, de fato, faziam doer: víboras,
pedras, machado, pá, fogo, deserto, ira, fuga etc.
De outro lado,
porém, João Batista era meigo e cheio de compaixão. Era "cheio do ESPÍRITO
SANTO, já desde o ventre de sua mãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele
repousava a unção divina em sua plenitude.
João Batista
viu o ESPÍRITO descer do céu como pomba e pousar sobre JESUS (Jo 1.32).
Manso, terno, puro e inofensivo como uma pomba: assim Ele é Como pomba, o
ESPÍRITO SANTO pode ser assustado ou entristecido (Ef 4.30). E, como a pomba
é o símbolo universal da paz, também o ESPÍRITO SANTO promove a paz nos
corações dos homens.
Dizem os
naturalistas que a pomba não tem fel. Assim também o ESPÍRITO SANTO - nEle
não existe amargura!
Alguns
intérpretes opinam que o ESPÍRITO foi representado na forma "corpórea" de
uma pomba pelos seguintes motivos:
a.
Sua ternura e apego ao homem. Que
mostra como DEUS encaminha pacientemente os homens à realização de sua
potencialidade espiritual.
b.
Sua gentileza. DEUS
trata conosco de modo positivo e completo, embora com grande gentileza.
c.
Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O
ESPÍRITO SANTO é benigno - sempre.
d.
Pelas virtudes singulares que representa. Por
exemplo, a pureza e a inocência. Nos escritos judaicos, quando o ESPÍRITO
SANTO aparece "pairando" sobre a face das águas é expressamente comparado a
uma pomba. Simboliza a natureza calorosa e revivificadora da terceira Pessoa
da Santíssima Trindade (Gn 1.2).
INTERAÇÃO - o estudo
analítico e sistemático da Bíblia Sagrada evidencia a centralidade da obra
do ESPÍRITO SANTO como o agente
ativo de DEUS atuando na totalidade da criação (Rm 8.18-27).
Através dos títulos e símbolos do SANTO
ESPÍRITO, as Escrituras Sagradas revelam a pluralidade de ação que a
Terceira Pessoa da Santíssima Trindade exerce na e
através da Igreja.
É preciso, porém, que não nos contentemos em apenas conhecê-Lo teoricamente.
Precisamos buscar uma experiência real com o ESPÍRITO
SANTO de DEUS e valorizarmos devidamente a sua obra, pois Ele é
o agente divino que inclui o crente
no Corpo de CRISTO e confirma a veracidade das Escrituras. Eis o grande
segredo de os cristãos entendermos a doutrina do ESPÍRITO SANTO.
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
Conhecer a
pluralidade dos nomes do ESPÍRITO SANTO.
Definir o
que é símbolo bíblico.
Saber as
representações simbólicas do ESPÍRITO SANTO.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza, conforme suas
possibilidades, o esquema abaixo. O tópico I trata sobre a pluralidade dos
nomes ou títulos do ESPÍRITO SANTO. Com o auxílio do esquema, introduza o
assunto mostrando os aspectos da consolação, do ensino e da promessa do
ESPÍRITO SANTO. Explique aos seus alunos que a atividade e intervenção do
ESPÍRITO são para todos os que o buscam perseverantemente. Os verdadeiros
discípulos de CRISTO serão ensinados, consolados e abençoados por sua
promessa. Boa aula!
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