sábado, 8 de setembro de 2012

Jesus, o Segundo Adão

Jesus como o segundo Adão é uma imagem pouco utilizada em pregações. Todavia, a comparação entre Adão e Cristo – feita por Paulo em 1 Coríntios 5 – oferece uma importante ferramenta para a proclamação de Lei e, especialmente, de Evangelho.


Paulo considera Adão “pai da humanidade” e diz que através dele o pecado entrou no mundo. A obra vicária de Cristo reverteu a destruição do relacionamento que existia entre o Criador e a criatura antes da queda em pecado.
O primeiro Adão causou a morte. O segundo Adão enfrentou essa morte e a venceu. O Adão do Éden introduziu o pecado para o mundo. O Adão do Getsêmani é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29). O primeiro Adão foi o responsável pelo rompimento com o Criador. O segundo Adão é o agente de restauração e reconciliação. “Porque, como, pela desobediência de um só homem [o primeiro Adão] muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só [o segundo Adão], muitos se tornarão justos” (Romanos 5.19).

Deus, ao longo dos séculos, foi acusado de não se importar com os homens, de não fazer nada diante da desdita humana. Mas na verdade o Senhor nunca abandonou o homem, muito embora tenha respeitado sempre o seu direito de escolha. Justamente por respeitar a livre agência (livre arbítrio mitigado) do homem é que as acusações são brandidas contra o Eterno. Se fosse um Deus autoritário e arbitrário, que a todo instante cerceasse a liberdade humana, outras seriam as acusações. Mas Deus sempre fez o melhor por nós, até que na plenitude dos séculos enviou o seu Filho para resgatar o homem. Havia necessidade de enviar o seu filho, pois sem a vinda de Jesus o homem não podia ser resgatado, ou redimido.
Deus formou o primeiro homem, Adão, à sua imagem e semelhança. Adão tinha muitos privilégios: Sua morada era o paraíso, falava com Deus todos os dias, não conhecia o mal nem a morte, a terra não era amaldiçoada, a criação lhe era sujeita, dentre outras coisas.
Mas o homem pecou por uma escolha pessoal, e foi destituído da glória de Deus (Rm. 3.23). Ao pecar, a conseqüência do pecado foi de fato a morte, mas não só: O afastamento de Deus causado pelo pecado fez de Adão um  ser diferente daquele projeto inicial de ser conforme a imagem e semelhança do Altíssimo, uma diferença como a que existe entre um vaso perfeito e um quebrado. Adão passou a ter uma natureza decaída, má. Paulo diz assim: “Em mim não habita bem algum”; “miserável homem que sou, quem me livrará do corpo dessa morte?”. O próprio Jesus diz: “Por que me chamas bom? Não há ninguém bom senão o Senhor”. Tal é a natureza humana.
O que motivaria o Senhor a resgatar o homem? Nas histórias dos povos antigos, a nota comum é que os deuses são semelhantes aos homens em suas falhas, em suas motivações e paixões, muito embora de forma superlativa. Mas o que motiva o Senhor a resgatar o homem é o seu amor, e isso é uma inovação. Em nenhuma história mitológica acerca dos deuses o amor é a causa da intervenção divina.
Mas a nossa redenção tem por causa única e exclusiva o amor de Deus. Por isso, esse amor é posto em relevo e até mesmo exigido. A única dívida que temos para com o Senhor é o amor. Daí porque Jesus nos deixou esse mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A QUEDA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

A partir da sua queda, Adão perdeu a comunhão com o Senhor, perdeu o direito de habitar no Eden, perdeu o direito à árvore da vida, passou a ter uma natureza má, capaz de conhecer o mal, perdeu a herança, perdeu a imagem e semelhança de Deus e foi condenado à morte pelo pecado.
Adão não podia gerar filhos à imagem e semelhança de Deus porque ele perdeu justamente isso. Em outras palavras, Adão não podia transmitir uma herança que ele havia perdido, ou seja, ser à imagem e semelhança de Deus e ter vida eterna. Isso é importantíssimo, Adão não podia transmitir a vida, só a morte.
Vemos isso Em Gênesis, Capítulo 5.3:
 “E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua imagem e semelhança, conforme a sua imagem, e chamou o seu nome Sete”.
O fato da Palavra de Deus, nessa parte, deixar bem claro que Adão gerou um filho à sua imagem e semelhança, conforme a sua imagem, mostra que Deus quis deixar bem claro que Adão não podia transmitir a herança divina. Ele passou a transmitir uma natureza pecaminosa, e com ela a morte. O Apóstolo Paulo, por revelação do Senhor, afirma que por um homem entrou o pecado no mundo, e com ele a morte, por isso que todos pecaram.  Chamamos de herança divina o ser conforme a imagem e semelhança de Deus, o homem perdeu isso, perdeu o direito à vida eterna, à comunhão com Deus, à natureza de Deus.
A pergunta que agora fazemos é: Se o Senhor quisesse restituir o homem à sua primeira condição, da qual ele caiu, como Ele poderia fazer isso? 

A SOLUÇÃO DO SENHOR – ENVIAR O FILHO

Não havia possibilidade do homem ter em si mesmo algo que Deus pudesse utilizar como instrumento da redenção. A perfeita alegoria é a do vaso nas mãos do oleiro (Jr. 18). O vaso se quebrou, não há como restaurá-lo sem que volte às mãos do oleiro para que a obra do oleiro seja recomeçada.
Não há nada no homem capaz de trazê-lo de volta à comunhão com Deus, de livrá-lo do pecado e da morte e novamente torná-lo à imagem e semelhança do Altíssimo (Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum, Rm. 7.18).
Se Deus quisesse salvar o homem, teria que modificar a natureza humana, fazê-lo de novo à sua imagem e semelhança como um oleiro molda o barro(Jer 18). É por isso que Paulo afirma que os sacrifícios de animais não poderiam modificar a natureza humana. A mensagem do Senhor foi bem clara: É necessário nascer de novo!
Por isso Deus enviou seu Filho. A proposta de Deus para o Filho foi que Ele seria aquele que daria a todos o direito de ser novamente filhos do Deus vivo. O projeto estava pronto já na eternidade. De várias formas o Senhor começa a dizer ao homem, pela Sua Palavra, que o resgate não poderia ser feito sem sangue. Vemos isso quando o primeiro animal é sacrificado para esconder a nudez de Adão e Eva. Vemos isso quando Deus aceita a oferta de Abel. Vemos isso quando Noé sacrificava, quando os patriarcas sacrificavam. Vemos isso através da lei dada a Moisés. Todos esses sacrifícios eram figuras de um sacrifício que precisaria ser feito para consumar a eterna redenção, porque o sacrifício de animais não poderia modificar a natureza humana e resgatar a alma. Esses sacrifícios só tinham validade porque eram proféticos e apontavam para o Cordeiro Eterno. Por isso o Senhor os aceitava, pela sua infinita graça.
O salário do pecado é a morte. Quando Jesus morreu por nós, Ele pagou o preço pelo resgate das nossas almas, Ele nos lavou e remiu no seu sangue, mas isso não é tudo. A Salvação não consiste só em pagar o preço do pecado, muitos religiosos convenientemente param aqui, mas a salvação consiste também em restituir o homem à condição que ele havia perdido quando caiu, ou seja, em transformação de vida, em modificação da natureza decaída e pecaminosa.
Na passagem de Êxodo 15.23, os israelitas encontram as águas amargas de Mara. A solução foi lançar nas águas um lenho, que tornou as águas doces. “Eu Sou o Senhor, que te sara”.
Eis o ensino, é o Senhor que nos sara da nossa vida amarga, da nossa natureza decaída e pecaminosa, da nossa vã maneira de viver. Não há nada nas águas que possa mudar a natureza amarga, é necessário que um lenho seja atirado nas águas. Deus poderia ter tornado as águas doces de outra forma, mas Ele deixa claro que a natureza humana, decaída e pecaminosa, não poderá ser mudada sem uma direta intervenção da parte do Senhor. E mais, o fato de ter lançado um lenho mostra a necessidade de um homem para curar a humanidade. Um homem que não seria fruto somente das águas amargas, Ele teria algo que não estava nas águas, a plenitude do Espírito do Senhor. Por isso foi lançado de fora, por sobre as águas.
Gl. 4.4-5:
 “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”.
O SEGUNDO ADÃO 


“Porque, como, pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Romanos 5.19).

"Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu" ( 1Co 15:45-47).
Quando Jesus veio em carne, a Trindade estava presente na sua vinda. A sua vinda foi por obra do Espírito Santo, pela virtude do Altíssimo. Nesta concepção, novamente um homem é feito diretamente por obra do Senhor: é o segundo Adão. O primeiro Adão veio do pó, o segundo, veio do céu, veio de fora e adentrou a raça humana por obra do Espírito Santo. Deus opera diretamente na criação do novo Adão, e “o verbo se fez carne e habitou entre nós”.
É no ato do batismo de Jesus que vemos a Trindade presente nas Escrituras de forma inconteste. O Filho sendo batizado, o Espírito de Deus descendo sobre Ele como uma pomba, e o Pai cuja voz afirma: Este é o meu Filho amado. A mesma Trindade presente quando Adão foi criado (façamos o homem à nossa imagem e semelhança)
Quando a Palavra nos diz que Jesus é o segundo Adão, ela está nos dizendo que Jesus é aquele que traz consigo tudo o que Adão perdera. Mais, que Ele é capaz de transmitir aquilo que possui aos que forem gerados nele, isto é, a vida eterna. “O segundo homem é do céu”. Trata-se de um projeto de salvação feito na eternidade, trata-se de um que foi lançado no meio da humanidade e que veio da eternidade.
Diante do adversário, Adão falhou. Mas Jesus, transportado ao deserto, travou terrível batalha e saiu vencedor. Assim, Jesus foi tentado como Adão no princípio da execução do projeto. Adão falhou no início, quando ainda podia transmitir a herança. Se Jesus igualmente falhasse, assim como Adão não poderia transmitir a herança.
Ocorre que esse segundo Adão não veio gerar filhos segundo a carne e começar uma nova raça, mas ele veio resgatar o que havia se perdido. O próprio Jesus afirma que o Filho do homem veio buscar o que estava perdido. Quando alguém recebe Jesus como seu Salvador, é feito filho de Deus. Por isso a palavra em Jo 1.13:
“Os quais não nasceram da carne nem do sangue, nem da vontade do varão, mas de Deus”.
Como também: “O primeiro homem é terreno, o segundo é do céu”, “o primeiro é alma vivente, o segundo é espírito vivificante”. Ou seja, o segundo Adão não veio gerar filhos segundo a carne, mas trazer vida aos que estavam mortos em seus pecados.
Nós nascemos em Adão e trazemos conosco a natureza decaída e pecaminosa, e a morte. Isso é fácil de entender, Adão gerou filhos à sua imagem, só podia transmitir por herança aquilo que possuía: sua natureza decaída e pecaminosa, e com ela a morte. Como Jesus mudou isso?
Algo de maravilhoso ocorreu. No meio do pecado, no meio da raça humana, é colocado pelo Senhor um que traz consigo a semelhança do pecado (nascido de mulher) e ao mesmo tempo tem a natureza de Deus (Quem me vê a mim vê ao Pai). “E o verbo se fez carne e habitou entre nós”. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu”.
Ora, esse menino era muito especial, porque trazia consigo o resgate da alma humana e a vida eterna: a herança divina. É o lenho lançado nas águas amargas de Mara, que cura as águas. Jesus foi lançado no meio da humanidade e tem poder para curá-la. O ato desesperado do inimigo ao tentar eliminar as crianças por ocasião do nascimento de Jesus demonstra isso. Não havia nada na humanidade que pudesse ser utilizado como instrumento de salvação. Agora há: Jesus (Porque um menino nos nasceu).
 Eis que farei uma coisa nova, e, agora, sairá à luz; porventura, não a sabereis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo (Is 43.19)”. Desde Adão até os dias atuais, a única novidade é Jesus, a única coisa nova. Conforme o Pregador, não há nada de novo debaixo dos céus (Ec 1.9), mas podemos afirmar que depois do tempo de Salomão surgiu uma coisa nova, somente uma: Jesus. Por isso o evangelho significa “boa nova”.


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